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Dando luz a saúde mental materna: a importância de cuidar das mães para um futuro melhor

Atualizado: 12 de jun. de 2023



A saúde mental materna, ou saúde mental perinatal, que abrange gestantes, puérperas e mães recentes, é um desafio em todo o mundo. No entanto, é um tema ainda pouco abordado pela população de forma geral e pela saúde pública dos países. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que ignorar a saúde mental perinatal "não só coloca em risco a saúde e o bem-estar geral das mulheres, mas também afeta o desenvolvimento físico e emocional dos bebês".


A gravidez, apesar de ser um evento acompanhado, muitas vezes, de emoções positivas, gera uma série de mudanças no corpo, mente e vida das mulheres. Isso gera uma vivência paradoxal, onde também serão vividos "pequenos lutos" da vida e da mulher anterior à maternidade, e novas demandas surgirão a partir desse contexto que precisarão de tempo de adaptação e aceitação. Além disso, inúmeras reações biológicas, sociais e psíquicas são acarretadas pela geração de um novo ser humano.


Não é para menos que, no mundo, em média, uma em cada cinco mulheres terá um episódio de doença mental durante a gravidez ou no ano após o nascimento do bebê (OMS). Dentre os transtornos mentais que acometem as gestantes e as novas mães estão: depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático, psicose pós-parto, transtorno de pânico e fobias (Fiocruz). Sabe-se ainda que 20% das mulheres que sofrem algum transtorno mental nesse período terão pensamentos suicidas ou cometerão atos de automutilação (OMS).


É importante se atentar, ainda, que:


“Embora o maior fator de risco para o desenvolvimento de problemas de saúde mental perinatal seja histórico anterior de algum problema de saúde mental, existem fatores de risco psicossociais que podem estar associados ao adoecimento, recaída ou exacerbação das condições pré-existentes. Por exemplo: descobrir uma gravidez não planejada, complicações que ocorrem durante a gravidez ou parto, nascimento prematuro do bebê e sua internação em uma unidade intensiva neonatal, a perda de um bebê, a falta de apoio social, mulheres que são vítimas de violência por parte do seu parceiro, etc. Todas essas são situações que colocam as mulheres em maior risco no desenvolvimento de transtornos mentais no período perinatal (Fiocruz).”

Ou seja, o histórico e o contexto da mulher durante a gestação e após ela terão grandes impactos em sua saúde mental. Devido às novas demandas sobre a maternidade, é culturalmente cada vez mais importante frisar que não existe maneira certa ou errada de se sentir durante esses períodos da gravidez ao pós-parto ao se tornar mães.


As reações e emoções variam de acordo com as experiências individuais e com o momento particular de cada uma, sendo que algumas reações precisarão ou não de ajuda extra para lidar. Há muitos estereótipos e expectativas sobre o maternar, desconexos da vida prática, e o pior é que geram muita culpa na grande maioria das mulheres que têm vivências diferentes do que se esperava delas.


Assim, "Ter um bebê pode ser uma das experiências mais emocionantes e desafiadoras da vida e, ao mesmo tempo, uma montanha-russa: às vezes a mulher sentirá alegria, felicidade e prazer, mas podem surgir outras emoções quando ela começa a se sentir estressada, frustrada, sobrecarregada e confusa" (Fiocruz).

Portanto, para combater o adoecimento mental perinatal é fundamental:

  • Dar visibilidade ao tema, como propõem algumas campanhas, como a mais recente Maio Furta-Cor (campanha comunitária criada em 2023, sem fins lucrativos, democrática e apartidária, que visa sensibilizar a população para a causa da saúde mental materna).

  • Incluir na rotina de pré-natal a investigação dos problemas sociais e emocionais das mães, pois hoje sabe-se que o pré-natal no Brasil é bastante focado nos riscos físicos da mãe e no desenvolvimento do bebê.

  • Incentivar as gestantes e mães a buscarem serviços de saúde mental, informando sobre a importância dos tratamentos e sua eficácia. Também informar sobre os processos normais de mudanças, do baby blues e do puerpério.

  • Diminuir os estereótipos sobre uma maternidade única e respeitar as diferentes reações e emoções. Além disso, é importante respeitar as diversas formas de maternidade, como adoção, reprodução in vitro, barriga solidária, famílias homoafetivas, etc.

  • Evitar o isolamento social e fornecer apoio público e privado às mães. Por exemplo, implementar políticas públicas para melhor atendimento sem violência e racismo obstétrico, aumentar o acesso a creches e criar melhores redes de apoio às famílias.

  • Por fim, entender que o cuidado com as crianças é um pacto coletivo para investir em um futuro melhor, e não uma responsabilidade isolada de mulheres exaustas e solitárias. Como diz o provérbio africano: "É preciso uma aldeia para se educar uma criança."

Não é por coincidência que a HAJA investe boa parte de seu trabalho para oferecer apoio à saúde, ao aspecto social e emocional das gestantes e mães que frequentam o projeto, proporcionando acesso à assistência de saúde básica na gestação, aos direitos reprodutivos, promovendo rodas de conversa, orientando e acolhendo todas em suas dificuldades.


Reconhecemos a importância dessas mulheres para a comunidade, pois é a partir do bem-estar delas que uma nova geração de crianças poderá vivenciar uma nova criação e novas possibilidades de vida.


Converse sobre esse assunto com as pessoas ao seu redor, pergunte às mães do que elas precisam, esteja presente e venha conhecer nosso trabalho.




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