top of page
Foto do escritorHAJA

Por quê Jardim Gramacho?



A comunidade de 4 Rodas, pertence ao bairro de Jardim Gramacho, que além do Morro do Borel e do Cairo, foi uma das áreas escolhidas para a atuação da HAJA e, infelizmente, isso se deve aos grandes problemas enfrentados pela região.


Jardim Gramacho existe há 35 anos no município de Duque de Caxias e fica a 13 km do município do Rio de Janeiro, nele se constituiu o maior aterro sanitário da América Latina, uma área de, aproximadamente, 1,3 milhão de metros quadrados que circunda a Baía de Guanabara. A história dessa região foi registrada no premiado documentário Lixo Extraordinário, o qual mostrou o trabalho do artista plástico Vik Muniz no aterro. No entanto, o considerado “lixão” foi desativado em junho de 2012 com o compromisso do poder público de que Jardim Gramacho seria revitalizado. 


No entanto, mesmo nove anos após a desativação do aterro, a situação da região continua sendo a de extrema pobreza e de grande desastre ambiental, com o agravante de que mais de 1.600 catadores vivam com a renda que tiravam do lixo, e isso já não é mais possível. Em pesquisas realizadas pela HAJA encontrou-se dentre seus inúmeros problemas os tristes dados:


Extrema pobreza:

87% dos moradores ao redor do aterro vivem em situação de pobreza, destes, 68% vivem em extrema pobreza, ou seja, com menos que R$ 118 per capita por mês.


Evasão escolar:

Nos anos iniciais do ensino Fundamental I existem matriculadas, em Jardim Gramacho, 1.853 crianças, nos anos finais têm-se 1.355 matrículas (quase 500 a menos) e já no Ensino Médio, apenas 722 matrículas, menos da metade dos anos iniciais.

50% dos moradores adultos ao redor do Aterro estudaram somente durante os três primeiro anos de vida. Hoje, apenas 30% das crianças até os 6 anos se encontram em creches ou escola.


80% das crianças de 7 - 14 anos se encontram na escola, mas esse número cai drasticamente para 50% nos jovens com 15 - 18 anos, e vai para 5% aos 19 - 24 anos. Ou seja, à medida que a idade aumenta a evasão cresce, pois, os jovens enfrentam muitas dificuldades para completar todas as fases do ensino formal, dentre elas: trabalhar para ajudar na renda familiar, violência urbana, a distância das escolas que possuem o ensino médio, gravidez precoce, sistema educacional desconexo com a realidade diária dos estudantes.


Violência:

A cidade da qual pertence Jardim Gramacho, faz parte da região, que atualmente, lidera o índice de violência do estado do Rio de Janeiro, a Baixada Fluminense. Apenas no município de Duque de Caxias houve aumento de 67% de homicídios dolosos neste ano de 2019. As mortes por intervenção policial subiram em 125% e, em 2018, foi registrado número recorde de feminicídio no município, quase 4 mil casos. A violência doméstica é certamente um dos grandes desafios encontrados nas comunidades da região. Todos esses dados refletem na expectativa de vida de seus moradores, apenas 7,6% de sua população consegue viver além dos 65 anos.


Entendendo os inúmeros problemas que circulam na região da qual faz parte a comunidade de 4 Rodas, a HAJA através do Projeto Vejo um Jardim vem realizando uma metodologia de desenvolvimento humano adaptado para a realidade dessa comunidade. Atualmente, o foco principal é a diminuição dos impactos sociais negativos que afetam as identidades de seus moradores. Buscamos a diminuição da culpabilização e dos complexos de inferioridade sofridos por décadas de descaso público com essa população.


Por isso, o trabalho da HAJA se inicia com as crianças, as intervenções de cuidado humano e educação informal objetivam ajudá-las a tornarem se jovens resilientes capazes de encarar um mundo humano complexo, a onde cada pessoa possui uma identidade valiosa e única.

Entende-se que todo o trabalho só é possível construindo, juntamente com a família dessas crianças, oportunidades de geração de renda para além do que possuíam quando o lixão estava ativo. Isso é feito, hoje, com a Fábrica de Corações, onde comercializam corações de madeira reciclada,, que tem feito sucesso em eventos empresariais e celebrações como casamentos. Esse trabalho é feito, sobretudo, pelos jovens adultos de 4 Rodas. Também, promove-se a criação de renda com o cultivo de suculentas, onde, especialmente, as mulheres da comunidade cultivam e criam suculentas para vender em feiras na cidade do Rio de Janeiro. Ambos projetos possuem capacidade para se tornarem futuras Empresas Sociais promovendo autonomia financeira para seus participantes.


Nas palavras da presidente do Fórum Comunitário de Jardim Gramacho e da Cooperjardim, se a própria comunidade não se organizar e oferecer profissionalização para os moradores, nada será feito. Alinhada com isso, a HAJA busca justamente a promoção de um senso de articulação e auto responsabilidade dos moradores da região, onde a organização externa seja um facilitador inicial, pois Jardim Gramacho não é apenas, seus problemas, sua capacidade humana é enorme, isso é visível diariamente e nos motivam, pois presenciamos a criação de vida e a resistência humana mesmo enfrentando essas situações extremas, mas certamente, merecem e têm direito a muito mais do que hoje o poder público promove na região.


Materiais consultados:






https://www.iets.org.br Instituto de Estudos do Trabalho e da Sociedade “Estratégia de Desenvolvimento Urbano, Socioeconômico e Ambiental para o Entorno do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho _ Diagnóstico Socioeconômico de Jardim Gramacho“ - Programa de Trabalho da HAJA




2.094 visualizações0 comentário
Design sem nome (29).png
bottom of page