Em dezembro, fizemos um artigo sobre a importância da solidariedade diante da crise do COVID-19. O "boom" das doações ocorreu em março de 2020, mas, infelizmente, com a duração da crise sanitária o ritmo da solidariedade não tem acompanhado o agravamento da pandemia em todo país. O impacto da COVID-19 se intensifica e com isso a fome aumenta.
No gráfico abaixo, do site de monitoração de doações para COVID-19, podemos notar que as doações praticamente se estabilizaram desde o ano passado. Enquanto o que se observa no Brasil é o crescimento da vulnerabilidade social a passos largos.
A intensificação dos problemas sociais se deve a um conjunto de situações, dentre as mais relevantes está o fim do auxílio emergencial por meses e a sua volta com diminuição drástica de seu valor. Também deve-se ao aumento da contaminação do COVID-19 que chegou a triplicar os números de casos e mortes, situação que levou ao fechamento do comércio não essencial. Em consequência, prevê-se que o desemprego baterá recorde de 14,6% em 2021, segundo a Confederação Nacional da Indústria.
Um verdadeiro impasse por falta de suportes básico. Logo, colocam-se as pessoas entre proteger-se da COVID-19 ou morrer de fome, sendo que nesse cenário nenhuma "escolha" que arrisque a vida pela saúde ou pela fome deveriam ser realidades cabíveis.
Contudo, a minimização dos impactos da pandemia, ainda, está nas mãos da solidariedade (e, claro, de continuarmos pressionando e cobrando ações governamentais urgentes). O problema é que as doações, em todo país, vêm diminuindo. Como é relatado por uma das instituições de referência no combate à fome no Brasil. Lá as doações de alimentam caíram drasticamente :
“Se no ano passado foram distribuídas 80 mil cestas por mês, a campanha agora só consegue 8 mil a cada 30 dias.” – trecho de O Globo
O mesmo se percebe em várias outras organizações de diferentes estados:
“Antes conseguíamos preparar cerca de 10 mil marmitas por dia, hoje não passamos de 700”– trecho de O Globo.
“No ano passado distribuímos almoço e janta por seis meses. Mas com com a piora da pandemia a captação diminuiu. Hoje podemos oferecer 300 refeições diárias, o que está muito aquém da quantidade de pessoas que nos procuram” – trecho de O Globo.
Especialistas acreditam que essa diminuição tem relação com a longa duração da pandemia, pois algumas das pessoas que ajudavam, agora, precisam de ajuda. E quem pode ajudar, sofre alguns dos efeitos psicológicos de traumas diante de catástrofes, levando a autoproteção mental através do sentimento de afastamento da realidade, paralização _ sensação de desânimo como se não houvesse o que fazer _ e “normalização” da realidade, o que não ajuda nas soluções de problemas. Logo, só quem está envolvido e na linha de frente dos problemas sociais se move e enxerga o tamanho da demanda:
“(...)a queda na arrecadação de doações e alimentos se deve ao cansaço da população pelo longo período de isolamento imposto pela pandemia, além de outros fatores: Existe cansaço, crise e desesperança. A redução é percebida por todas as ações de combate à fome. Chama a atenção o caso de pessoas que antes eram doadores e, atualmente, pedem uma cesta básica. O empobrecimento é geral. São empresas fechando, pessoas desempregadas, gente morrendo. O que tem mantido as nossas doações é a fidelização por parte de empresários”.– trecho de O Globo
Mas não é hora de desistir, pelo contrário! O esforço conjunto e bem direcionado para ações urgentes como a fome é o que pode salvar milhares de famílias. Pensando nisso a HAJA segue buscando promover justiça social através da educação e da criação de renda, mas com a fome batendo na porta uniu forças para criação da cozinha na comunidade Quatro Rodas em Jardim Gramacho-RJ.
Por mais, que na HAJA existam dias que se tenha pouco a oferecer, às vezes, menos variedades ou nenhuma proteína, não é hora de desacelerar pelo contrário. Todo grão conta para encher um prato, toda pessoa conta para criar a teia firme da solidariedade através da união. Não se deixe desanimar, você é importante e pode ajudar sim! Faça a sua parte.
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